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Quando deitado, calado e mudo - da lente do verbo guardado, dentro do cubo do crânio - vejo tudo torto e quadrado.

quarta-feira, junho 18, 2008

Filme




Agora,
De onde me olham os olhos que me olham?

De dentro do teu crânio
De dentro do teu gênio
De dentro do teu pânico

Sempre os olhos do ser
São os olhos do fazer
Tatos de sofrer e ser

Pelo olhar preciso
Do cego que executa
Pelo tato sensível
Do tosco que chora
Pela excelência do verbo
Do analfabeto que fala

É isso!

Pela dimensão do socorro
Pela certeza do fracasso
Pela incidência do erro
Pela não desistência
E pela desimportância do sucesso

Arte é erro, é berro, é noite
Arte é principalmente noite
Sob o sol, a arte é noite
Arte é o pensar obscuro

É necessariamente não saber

O filme é a mentira roubada
A captura da coisa-não
Filme é captura indevida
Verdade não acontecida
Lágrima de acrílico

Só que, como toda arte
O filme, filmado por gente
É da gente extensão - tração
Traição, emoção – linguagem

Filme é ferramenta apenas
Um filme é uma idéia captada:
Capacidade concreta da coisa abstrata
Filmar a coisa é amar a língua da coisa

Filmar é ser a língua da coisa toda
É dizê-la toda, sentindo-a – obliqua e diretamente
Sempre.

Poema e desenho: Pena Cabreira

Um comentário:

ana mariano disse...

Oi Pena, este poema é muito bonito um poema sobre metafilmagem, assim como tem a metapoesia e a metafísica. O primeiro verso é um achado, gostaria de poder te roubar, estou escrevendo um poema sobre fotos e cartas antigas, entraria feito luva. beijo, ana